domingo, 16 de agosto de 2009

Sustentar habilidades: Ecoespiritualidade e a Educação Ambiental

Atualmente estou participando de um movimento espiritual que se chama Mística Andina. De súbito me apaixonei, senti-me em casa inclusive por seus discursos, por suas ações, por sua amorosidade com a vida. Na Mística experimentamos a Ecoespiritualidade, que é muito simples, somente um jeito de se relacionar com a vida.
A Mística Andina tem tudo a ver com a filosofia e o jeito da Educação Ambiental. Para quem conhece a Educação Ambiental para além da mídia, vive-a como uma sede de mudança geral em seus múltiplos movimentos, que também pode ser sentida pela Ecoespiritualidade que é uma conspiração planetária – aspirar em conjunto à relações solidárias, fraternas e amorosas.
Para viver educação ambiental é preciso senti-la, senti-la como uma conspiração planetária, em que o desejo por um mundo melhor deve estar mesclado com o universo, para além de interesses pessoais. Por isso, recomendo para quem quiser conhecer e viver a educação ambiental, primeiramente deve experimentá-la: conhecimentos adquiridos por instigantes leituras, que te deixam com um “pulgueiro” atrás da orelha, participar de eventos e perceber sua diversidade, e fazer grupalmente diversas ações locais, tornar o afazer um gozo, um ato criativo de rebeldia amorosa.
O que instiga, move e comove as pessoas para uma consciência planetária de unidade e respeito à diversidade é o amor. Essa questão pode ser bem compreendida no fato de que se há poder na busca de resultados pessoais, inclusive para ações transformadoras, acabam por surgir as contradições. A busca por poder não leva à ecoespiritualidade e ao amor. E os sonhos acabam se desviando de seus sentidos, gerando Karmas, porque querem resultados sobre o poder pessoal e não sobre o amor a Pachamama – mãe terra.
Na Mística Andina o discípulo tem algumas tarefas principais, uma é trabalhar sobre suas próprias sombras, pois se você mudar o mundo muda, já dizia Gandi – “Seja você a mudança que quer ver no mundo”. E a outra tarefa consiste em ter uma área de serviço, jamais pode se pensar em um discípulo sem que ele perceba e sofra a dor do mundo, que perceba e simplesmente não faça nada, esperando que o Estado, a empresa, o prefeito, o professor, ajam. Pois ele (o próprio sujeito cidadão) é uma pessoa séria e paga os seus impostos anualmente! E assim já fez a sua parte, o que falta é políticas públicas e emprego! Pura ironia...
Com esse jeito de viver a mística, o trabalho das sombras e a área de serviço, percebo a proximidade com a Educação Ambiental, o ambiente em suas múltiplas realidades, conforme nos fala Guattari – filósofo Francês – e a Ecosofia. A ecosofia consiste em linhas de práxis no mundo cotidiano, essas linhas são três, as três ecologias: a mental, a social, e ambiental. Não é possível um discípulo, um educador ambiental e um sujeito viver a educação ambiental e sustentar habilidades (já que não é fácil sustentá-las) sem viver na interconexão dessas três ecologias, sem viver a Ecoespiritualidade. A ecoespiritualidade te dá força, permite conectar a todas energias que te dão asas, que te empurram, que te entusiasmam e dão fôlego para uma nova empreitada.
A preocupação e ação em defesa da natureza, não está descolada da homogeneidade cultural e econômica em que vivemos e que afeta o modo de levar toda a sociedade e os seres humanos. Não adianta você separar o seu lixo, economizar água, prover discursos bonitos, senão está intentando melhorar-se como alma, como pessoa, como espírito. É tudo junto!
É pessoal...é uma longa caminhada...e o caminho se faz ao caminhar, e também criaremos asas e partiremos para o vôo, sonhando outras paisagens e outras pairagens, pois uma coisa é certa: Quem ama, sonha mais! E quem sonha e ama, plasma realidades por atos criativos de rebeldia amorosa.

Um comentário:

rOdrigO disse...

Cris, querida! Lindo o que escreveu. Sem sentir, como poderemos agir? É isso mesmo ...

beiJO