quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que nos (co)move?

Foz do Iguaçu tem uma das paisagens mais facinantes do Mundo - as Cataratas. É o segundo destino mais visitado por estrageiros, ficando atrás da Cidade Maravilhosa. Porém, a beleza também divide espaço com a feiura - pesquisas apontam Foz do Iguaçu como a cidade mais violenta do país para os jovens.

Vivo em Foz do Iguaçu a pouco mais de um ano e, logo na primeira semana aqui, a padaria que eu estava foi assaltada por um piá com arma na mão - levou o dinheiro do caixa. Depois não presenciei e nem fui vítima de nenhum outro ato similar. A violência da cidade é concentrada nas pereferias e nos jovens que entram na onda do tráfico de drogas e mercadorias. Uma realidade difícil e problemática que exibe as feridas abertas desse canto da América Latina, uma tríplice fronteira imersa em assassinatos. Para quem lucrar?

O cerne da questão talvez esteja mesmo na "natureza humana" (historicamente construída), ou seja, nos Egos retumbantes às margens borradas por um processo de civilização em crise. Somos aguçados a querer, a ter, a mostrar nosso poder através de preciosos bens de consumo, que exibi-se como um troféu - eu posso, você não!

Os sentidos caros à vida se perdem, ou até mesmo nunca foram procurados. Os jovens que morrem em Foz do Iguaçu são, ao mesmo tempo, o reflexo e o alerta - reflexo de uma Civilização Planetária doente e o alerta de que o ponto de mutação chegou. Para além daqui, se continuarmos confortavelmente a acumular nossa dívida, só nos restará o fim. Se cada pessoa reforçar a lógica egóica propagada pelas marcas, pelos atos medíocres do lucro, da satisfação pessoal acima de qualquer um e de todos, estamos fadados a um lastimável fim.

Mas o ser humano é interessante! Fica fascinado com um bela paisagem e indiferente ao resto de tudo que não diz respeito ao seu umbigo. Percorre os caminhos deixando uma pegada tão forte, que o tempo não cosegue apagar. E se julga um animal inteligente. Sim, somos inteligentes para nosso próprio bem, ou mal.

Se tudo fosse um teatro, talvez a platéia estivesse horrorizada.

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